Brinquedos Ópticos

01. Brinquedos Ópticos - o início da animação












O que é ANIMAÇÃO?


Gastei um tempo considerável pensando com começar o blog. O óbvio seria eterna discussão sobre animação. Afinal, o que é animação? O conceito animação faz parte deste rol de conceitos expandidos e flexíveis, como arte, cultura, amor... Achei melhor não me arriscar nesta tarefa pois correria o risco de nem eu mesma ter uma definição. Deixo para cada um tirar suas próprias conclusões de criar seu próprio conceito. Ou não! Assim como arte, cultura e amor, a animação não precisa ser definida. Precisa ser sentida, ser praticada, ser uma necessidade sem que seja necessária uma explicação. Gosto de animação e isso me basta. Vamos adiante, depois voltamos nesse assunto.


O início da animação ou o pré-cinema


O homem sempre teve a necessidade em representar o movimento. Existem vários registros históricos e arqueológicos que atestam essa necessidade. Em 8000 a.C, no período Paleolítico, pinturas rupestres nas grutas de Altamira, na Espanha, demonstravam bisões de 8 patas, uma tentativa clara de representação do movimento.

Existem relatos, que na China, por volta de 1100 a.C, já existia uma teatro de sombras , feitas com figuras recortadas em couro e projetadas em um painel de linho com a ajuda de uma fonte luminosa. Algumas iluminuras e painéis da Idade Média ilustravam situações religiosas e acontecimentos cotidianos através de quadros narrativos.

Alguns físicos e pensadores da Antiguidade e na Renascença também estudaram elementos da ótica e do movimento. No século XI o físico árabe Al-Hazen estudou o tempo da persistência das impressões visuais na retina analisando as alterações de cor provocadas pelo movimento de piões de duas cores.


O princípio da câmera escura é apresentado nos estudos de Leonardo Da Vinci no século XV. Quase um século depois, o físico napolitano Giambattista Della Porta, estudou e experimentou a invenção de Da Vinci, projetando uma caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Através dele penetram e se cruzam os raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, fica projetada no outro lado da caixa.

O alemão Athanasius Kircher, em 1646, criou a primeira lanterna mágica, uma invenção que projetava  imagens em movimento, sombras e desenhos. Era uma espécie de caixa com um jogo de lentes que usava a luz do sol como fonte luminosa para projetar imagens pintadas em chapas de vidro.

No século XVII, Isaac Newton fez diversos estudos onde analisava o efeito da persistência retiniana. Ele criou um disco de papelão pintado com todas as cores do arco-iris, que ficou conhecido como disco de Newton. Quando esse disco era girado, as cores se fundiam em nossos olhos e o disco ficava todo branco.

Com a difusão do conhecimento sobre a persistência retiniana, cientistas do mundo todo se debruçaram na criação de experimentos físicos para demonstrarem como o ser humano enxergava o movimento. Esses curiosos instrumentos, que passaram a se chamar brinquedos óticos, ficaram populares pelas mãos de fotógrafos, artistas e mágicos de todo tipo, que viram o potencial que eles podiam ter para o entretenimento. Mais tarde descobriu-se que na verdade o que faz os nossos olhos enxergarem uma imagem continua em um filme não é o fenômeno da persistência retiniana e sim a conjugação desse fenômeno com um intervalo negro entre a projeção de uma imagem e outra, intervalo esse que permite atenuar a imagem persistente que fica retida nos olhos.

O que podemos afirmar com certeza é que estas engenhocas foram responsáveis pela criação mais tarde do maior fenômeno cultural e industrial do século XX, chamado cinema.

Nesta fase de pre-cinema, foram desenvolvidos muitos inventos. Selecionei para o blog os brinquedos óticos mais simples que podem ser construídos com materiais do cotidiano. São eles: o taumatoscópio, o fenaquitoscópio, o zootrópio e o flipbook. Para cada um deles haverá uma postagem com o modo de fazer passo a passo, com textos e fotos. Divirtam-se! Ou melhor: divertir-nos-emos!(ficou feia essa palavra, mas é nosso português castiço...)

Para saber mais:
LIVRO:  A grande arte da Luz e da Sombra - arqueologia do cinema de Laurent Manonni, Editora Senac-Unesp, São Paulo - 2006
LIVRO: Arte da Animação - técnica e estética através da história de Alberto Lucena Júnior, Editora Senac, São Paulo - 2005
APOSTILA: Anima Escola do Festival Internacional de Animação Anima Mundi (disponível para download)




02. Brinquedos Ópticos - Taumatoscópio

Brinquedos Ópticos


Antes da invenção do cinema, da forma como o conhecemos hoje, muitos estudiosos desenvolveram técnicas e aparelhos para simularem uma imagem em movimento. Muitos desses inventos não eram equipamento muito elaborados, mas simples brinquedos de papel e tinta. E são esses brinquedos que começaremos a conhecer e fazer.



1. Taumatoscópio


6_06_Taumatropo
Também chamado de taumatroscópio, taumatrópio ou traumatoscópio. Inventado por Willian Fitton em 1825, o aparelho era um disco de papelão onde em um lado havia um desenho e do outro lado outro desenho invertido que, ao serem girados por um cordão preso nas laterais, dava a impressão de que as imagens assumiam uma única aparência. 

O taumatoscópio pode servir para explicar como funciona a persistência retiniana.
















Passo a passo


  • uma folha de pelo menos 24 x 12 cm de cartolina ou outro papel grosso (pode ser embalagens de papel tipo cartão ou kraft desde que tenha um lado sem estampa),
  • um pedaço de 40 cm de barbante, 
  • cola branca,
  • tesoura
  • material para desenho de sua preferência.





1. pegue um pedaço de cartolina ou outro papel grosso e desenhe nele dois círculos de 12 cm de diâmetro (eu utilizei um CD como medida).




2. Em um dos círculos, desenhe um motivo simples (um peixe, por exemplo).



3. No outro círculo desenhe outro motivo que complete o primeiro (um aquário, por exemplo).











4. Aplique cola por toda a superfície do lado do círculo oposto ao desenho.










5. Pegue o pedaço de barbante esticado e faça um sanduíche com ele entre os dois círculos deixando pontas semelhantes dos dois lados. Os desenhos devem ficar invertidos (um de cabeça para baixo e outro de cabeça para cima)Espere secar. 





6.  Segure cada ponta do cordão com uma mão e role-as numa mesma direção. O disco girará e os desenhos serão vistos sobrepostos, como se fossem um só.










Dicas: 



  • Os círculos podem ser menores, mas não recomendo menor que 6 cm.
  • Sugeri barbante, mas pode ser outro tipo de cordão, de preferência os que não desfie com facilidade.
  • O taumatoscópio pode também ter como mecanismo um palito de churrasco colado entre os dois círculos. Neste caso, em vez de girar o barbante, você girará o palito entre as mãos. Se feito com o palito, as figuras não devem ficar invertidas. Esse mecanismo é mais adequado para crianças com menos idade.